quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Traduzir-se, uma parte na outra parte


Era uma vez...

Assim eu fazia todas as tardes, me acomodava num lugar tranqüilo, a praça, para ler livros, pensar e brincar comigo mesma, mas sempre notava que nos dias que se seguiam, alguém passava o tempo todo a me observar,na verdade eu já estava acostumada com sua presença constante a distância,era até bom.
Eu gostava de subir em árvores para ficar sozinha e ás vezes ficar no balanço comendo tempo até ir pra casa. Não sei, mas aquela moça me despertava sentimentos estranhos, é como se eu já a conhecesse a muito tempo,ela tinha o sorriso mais bonito do mundo, sempre q eu a olhava,ela estava ali, inerte a qualquer brisa do vendo, inerte a qualquer barulho, queria sim saber o que pensara naquele momento,queria sim saber quem era ela. A troca de sorrisos era vulnerável a cada olhar. Eu n vou mentir que um deles me deixou boba, a ponto de cair da árvore. Ela tentou me ajudar, ficou preocupada, eu assustada e com medo, corri, que bobagem neh? Mas acabei esquecendo meus livros e minha agenda, que por incrível que pareça tinha algo escrito sobre ela, falando da sua companhia e o tantão de bem que ela me fazia mesmo distante. Sentir o sentir espetando-me fundo, fazendo assim o sentimento crescer a cada dia, era como a primeira, nunca tinha sentido algo assim, repentino, louco, um devaneio infundado, mas que me fazia feliz...
Eu precisava contar para alguém, não sei o que está acontecendo, não sei o que significa essa confusão de sentimentos aqui dentro... Procurei meus amigos, eles moravam sozinhos e eram sete e únicos, eu n dispensava nenhum, só eles talvez entenderiam o que eu não consigo entender,de formas e pensamentos distintos claro.É gente, eu estou gostando dela sim, foi difícil entender, sentimentos não se entendem não é? Mas o que diria minha mãe? Mas o que diria minha família? Isso é uma coisa q eu só descobriria vivendo, desistindo ou resistindo pra ser feliz, minha opção estava clara, eu iria sim viver isso, um passo de cada vez e aonde chegaríamos? Precisava dessa resposta. Eu não deveria ter esquecido meus livros e muito menos minha agenda, parece até proposital...
Passado dois dias, resolvi voltar a praça como de costume, na esperança de vê-la novamente, confesso ansiedade sentida de forma demasiada,com direito a frio na barriga e tudo mais.Quando coloquei os pés lá,eu a vi,ela parecia estar perdida,pensamentos longe,parecia esperar por mim sabe? Talvez esse sentimento fosse recíproco, não sei, mas eu precisava ouvir sua voz, me aproximar,queria estar com ela, mas precisava saber se ela queria o mesmo. Tomei coragem e sentei ao seu lado, perguntei seu nome e ela abriu um sorriso lindo, como seu nome claro. Heminy, disse ela e a menina do sorriso perfeito contou de ter pego o que eu havia esquecido no dia da árvore, agradeci e pedir desculpas por ter saído correndo feito uma boba, ela sorriu mais uma vez, mas agora, os olhos dela brilhavam, passamos a tarde inteira juntas, foi um dia bastante especial, descobrir q ela gostava de MPB, de sair, de me observar e de me fazer rir. É,tive a certeza da reciprocidade quando ela tocou meu rosto e me olhou bem fundo, não conseguir manter meu olhar por muito tempo, baixei os olhos, timidez era uma coisa me atrapalhava bastante, eu pude sentir a carne aguçar os desejos não contidos, embora agora despertados, eu pude sentir ligeiramente, minha pouca inocência partir, ir embora, sem a menor esperança de volta,então eu disse que precisava ir,já estava ali fazia muito tempo e que minha mãe poderia reclamar,não sabia eu que ela já havia me visto a tarde inteira com Heminy,até ai tudo bem. Voltei para casa, chegando encontro meus padrinhos, a psicóloga sua amiga, e o homem de quem eu suspeitava muito por eles estarem sempre juntos,o clima parecia estar tenso e todos pararam quando eu cheguei,notando que minha presença não era desejada no momento, dei Boa noite e fui pro quarto, isso ficou martelando no meu juízo, porque se calaram? Então, fui para perto da parede tentar ouvir a conversa, o q me deixou muito preocupada, descobrir que minha mãe havia me visto foi ruim, o medo me tomou por inteira e mais,escutar o que as pessoas ditas seus amigos falavam, era pior, eu n estava doente e muito menos possuída,eu só estou apaixonada e isso não me mudou em nada, enfim,vi uma movimentação na sala, estavam indo embora,pediam calma a minha mãe e ela chorava muito, então voltei pro quarto rapidamente e sabia que minha noite seria bastante perturbada, de fato foi, depois que aquelas pessoas maldosas, saíram da minha casa, minha mãe se dirigiu até mim e a confusão foi feita entre nós duas em questão de segundos. Ela me disse coisas horríveis, que nem merecem ser repetidas e lembrar ainda machuca muito, na verdade nunca imaginei que uma filha pudesse ouvir o que eu estudei da minha mãe, a principio eu desmenti tudo, eu tive medo e não era pra tanto, depois do que eu vi e ouvi, pude por um momento achar que aquele não era minha mãe, a pessoa q eu mais amava nessa vida.
Depois que tudo terminou,é claro que meu estado psicológico estava totalmente afetado e louco, aquele quarto não supriu minhas lágrimas e a minha vontade de gritar, sai de casa, sem dizer pra onde ia e sem ao menos deixar rastros, simplesmente fui, fui lembrar do quanto aquela tarde tinha sido maravilhosa e inesquecível, é fui a praça sim, tudo bem aquela hora eu n estaria tão segura, mas me garantir,que naquele momento minha casa não me fazia bem, sentei no balanço, procurei por ela,mesmo sabendo que não estaria lá,ou melhor,estaria sim,procurei por Heminy nos meus pensamentos, em meus sonhos e em meu coração, achei, como sempre seu sorriso me iluminava, tinha medo de perde-la confesso, mas as lembranças de nós duas me asseguravam que ficaríamos juntas, pensei nela por muito tempo e seu sorriso, seu olhar me fizeram chorar e aquelas lágrimas era só meu sentimento aflorando, mas também me fizeram sorrir, até ai me senti bem ,resolvi ir em busca dos meus amigos, contar tudo ,perguntar o que fazer, perguntar se eu fiz bem em esconder, em mentir, e como não é surpresas, eles me apoiaram, disseram que primeiro eu precisava ser sincera comigo mesmas, me disseram q eu deveria contar, mas que esperasse a calmaria, caramba eu saí daquela casa tão bem, eu tinha com quem contar e isso me deixava feliz .Assim eu voltei para casa, chegando em casa, minha mãe perguntou onde eu estava e disse preocupação, quando em seguida me abraçou forte, seu abraço foi tão bom depois daquilo tudo, eu disse em seu ouvido que precisava contar algo, precisava ser mais transparente, precisava sempre jogar limpo, ela foi me soltando bem devagar, na hora que eu ia contar o telefone tocou, me deu um alívio enorme, fugir daquilo tudo, mas não por muito tempo, corri para atender o telefone e para a minha grande surpresa, era ela, a menina do sorriso perfeito, mas como ela havia conseguido meu número? Bom, eu perguntei, um pouquinho de curiosidade não mata ninguém, ela respondeu ter pego na agenda quando eu havia esquecido, mas isso não era tão importante, o que realmente importou pra mim, foi ouvir dela o quanto nossa tarde tinha sido maravilhosa, eu concordei, mas tive que contar tudo que tinha acontecido, ela pediu que eu ficasse calma, que no final tudo daria certo, que ela sempre estaria comigo do meu lado, sempre, então marcamos de nos ver no dia seguinte... Depois que desligamos o telefone, na cama mesmo eu fiquei, pensando em como tudo é tão perfeito e lindo quando estou com ela, assim adormeci.
No dia seguinte eu acordei cedo e fiquei horas na frente no espelho ensaiando o que dizer, estar com ela de novo dava medo, mas ao mesmo tempo uma sensação de alívio ao vê-la ali. O encontro foi marcado as 14:00 de 13:30 eu já estava lá, pronta para mais uma tarde como aquela, quer dizer, casa momento que tive com ela era único e sempre dava um gosto de quero mais, pois é, esperei por ela 45 minutos, foi quando eu a vi entrando, meu coração acelerou, nós duas corremos na direção uma da outra e no nosso abraço, não houve espaço algum, tive a sensação de nos seus braços estar segura, era muito protetor, depois nos olhamos e ela segurou forte na minha mão, disse que eu nunca estaria sozinha e q era comigo que ela sonhara passar o resto da vida, isso me motivou a seguir em frente, a não ter medo, a olha pra frente com ela do meu lado, sempre do meu lado, mas uma vez passamos a tarde inteira juntas, depois de alguns minutos ela pegou a minha mão, tocando suavemente e me fez sorrir, mas sem eu menos esperar, do nada surge minha mãe, ali, gritando alto e em bom som para todos ouvirem, o meu inferno começa ai, ela já estava lá a muito tempo, observando tudo, meu deus, ela me bateu na frente de todos e me levou para casa puxando meus cabelos, agindo feito um animal, eu fiquei assustada, desesperada, na verdade nem sei o que dizer, o que eu sentir naquele momento, ela gritava coisas horríveis me levando de volta pra aquele inferno que ela fez da nossa casa e o que se passava na minha cabeça? Vontade de morrer responde?
-- Mãe, eu ainda sou sua filha, ainda tenho sentimentos, tente entender, não é nada de outro mundo, mãe eu te amoo !
Chegando em casa, ela me jogou no chão do meu quarto e disse que eu não era sua filha, que ela não podia ter gerado um ser assim, onde foi q ela tinha errado e disse que a partir daquele momento, para ela eu tinha morrido e foi para seu quarto. Palavras duras não é? Talvez ela não soubesse o peso disso tudo, talvez ela não soubesse o que estava falando, mas machucou fundo. Já que era assim, para ela eu estava morta, quando ela se dirigiu pro quarto, eu fugi de casa, na intensão de realmente morrer, sabia que aquela hora ainda não havia ninguém na casa dos meus amigos e como eu tinha a chave, então seria lá, o desespero tinha conta de mim, eu não agüentava mais aquelas pressão na minha cabeça,queria dar um fim nisso tudo,queria fugir de mim, desse mundo preconceituoso e homofóbico, dessas pessoas loucas e que fogem da minha realidade,da realidade do mundo,eu corri na frente dos carros como uma louca, quando cheguei na casa, corri até o banheiro para o homicídio, minha mão tremia muito, muito mesmo, cai em lágrimas, a dor era forte demais, a vontade de morrer ainda se encontrava em mim, subi as escadas, a intensão agora era me jogar do primeiro andar, subi o muro e pedi que tudo fosse rápido, a dor seria inevitável, mas eu acabaria logo com isso. Na hora q eu me joguei, meus amigos chegaram e gritaram, mas já era tarde, o chão já não estava tão longe e o meu corpo não suportava mais meu peso, caída no chão eu fiquei, meus amigos choravam, enquanto um deles conseguiu ligar para minha mãe e contar tudo,ela tinha atendido o telefone chorando, porque eu tinha deixando em cima da cama um bilhete,dizendo:
“ Me desculpe,eu não consigo ser perfeita,nada vai mudar o que você disse, Nada vai fazer isso certo novamente, Por favor não vire as costas, Eu não consigo acreditar que é tão difícil... Mãe, eu desde pequena quis ser uma filha perfeita, desde de pequena quis te dar orgulho, e sempre quis te ver feliz. Só que me dei conta, que existem momentos da vida que nós temos que tomar decisões sem pensar em mais ninguem, mas por incrivel que pareca, todas decisoes que tomei em minha vida até agora, eu pensei em vc. E com todas as palavras eu posso te dizer que essa decisao que tomei foi a mais dificil; pois eu tive que decidir, entre te ver sofrer e me ver feliz, ou te ver feliz e me ver sofrer. Só qeria que, de alguma forma eu e você ficassemos bem com minhas escolhas e decisoes...”
Minha mãe chegara rapidamente,as casas não eram tão distantes,quando ela me viu ali,estirada no chão,ela trouxe meu corpo para seu colo e pediu desculpas,perdão,dizia q me amava,que eu era a melhor filha do mundo e que ela me aceitaria como eu sou,porque amor de mãe a cada dia só faz crescer.
Você gostaria que minha história acabasse assim,por um preconceito degradante,um medo eterno,pessoas eu sou sim homossexual e isso em momento algum mudou meu caráter e muito menos quem eu sou...
Eu não deixei minha história acabar assim,eu lutei por mim,eu fui forte por nós duas...
Pois é, eu não pulei, antes que eu fizera isso, meu celular vibrou,era uma mensagem,de quem?? Dela, da minha mãe, e dizia: “Apesar de tudo,te amo.”
Naquele momento, pude sentir minhas carnes tremerem, a voz não faltou, gritei, como nunca pude gritar, meu desespero era vê-la, abraça-la, mesmo sabendo que ela não me apoiaria, mas me aceitaria como eu sou...
..E assim, nós três, fomos felizes para sempre!!!
O melhor final da minha história, foi poder pegar na mão de Heminy e seguir em frente, sem olhar para trás. Fui ser feliz!!!

4 comentários:

Avesso de mim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Avesso de mim disse...

Não estou aqui para incentivar,mesmo achando que é modismo,é uma coisa bem mais complexa,eu só tentei retratar um pouco mais de sentimento nisso,mostrar que ao mesmo tempo que existe uma promiscuidade,existe tbm dedicaão a uma pessoa só,como um casal normal de heteros,me espelhei em algo real,algo com muita emoção,mas mesmo assim estou aqui também para pedir respeito, são seres humanos como nós e todos tbm tem sentimentos, como eu, você ou qualquer outra pessoa. Homofobia não leva ninguém a lugar algum, na verdade leva sim, a morte das pessoas que sofrem com isso. Homossexualidade não é doença ou derivados e sim uma opção, que cabe a cada um de nós aceitar, é a realidade,não adianta querer fugir, ponha a mão na consciência, aprenda a lidar com esse tipo de coisa e você verá, que da mesma forma, que deus fez o homem para mulher e a mulher para o homem, ele tbm deu o livre arbítrio para as pessoas serem felizes.

BASEADO EM FATOS REAIS.

Anônimo disse...

ta do caraaamba *----* SOOORTE (YN) vocês vão ganhar !

Mar de Guerra disse...

"amo a sua amizade, assim como o poeta é seguidor da dor, como as flores exalam o perfume de qm as tocam, como a harmonia do azul do céu se uni ao casamento do branco das nuvens, como a areia da praia é devorada pelas ondas do mar, como o lindo por-do-sol no alto de uma montanha tem uma beleza inexplicavel, como todos nos precisamos do ar para viver...sua amizade para mim é tudo isso"