segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Perdida



E naquela manhã de poucos sonhos, olhei pro céu, lá estava a estrela que me iluminava o dia, mas por que tão ofuscado? Seria meu levantar de poucos sorrisos, de semblante alegre docemente quebrado por uma noite mal dormida? Não sei! Mas isso só contribuiu para meus sonhos permanecerem no papel e apenas nele. O céu me guarda surpresas, apenas uma pequena fresta, mas ele sim tem o dom de me roubar suspiros com suas mudanças repentinas de estado, as vezes me pego conversando com ele, um monólogo sabe? Gosto que ele me escute calado, ou até mesmo, quando me responde gracejando nuvens e ventos, confesso que quase nunca entendo, mas pra quê entender? O melhor da vida é ser chamada de louca por ser sensível demais, o que fazer? Se detalhes mexem tanto comigo, com esse ser tão inquieto e calmamente ansioso, mas como assim? Calma e ansiosa? Na verdade me pergunto muito isso, me sinto um paradoxo o tempo inteiro e não sei se isso é bom! As vezes estou sentada num banco qualquer e fico imaginando quantos já sentaram nele? Qual seria a sua história? Então olho pros lados e me vejo rodeada de bancos, bancos, bancos e mais bancos, mas apenas isso, quantos deles já choraram, quantos deles já tiveram morrido e virado matéria altamente artificial desejada por ridículos com a função apenas de ser cômodo? E qual teria sido o rebelde sem causa que o fizera passar pela dor de um desgaste? O tempo imagino! Me pego revoltada, já cheguei a chorar, fazendo comparações medíocres com seres individualistas desse mundo, fico pensando, será que o mesmo acontece com as pessoas? Mesmo a maioria delas sendo tão insensíveis a ponto de fazer um julgamento sem precedentes, porque são tolas demais para imaginar a dor que tudo isso pode causar, tenho dor a cada minuto. Bom, não sei por que ainda me pergunto tanto, deve ser por que eu trouxe a linha pra costurar esperança na minha alma, eu a respiro e borda-la já virou rotina, já estou ate cogitando uma possível vida própria nisso tudo. É incrível como rodar e voltar ao início como num jogo de tabuleiro, não cansa, é mais ou menos gostar de estar perdido num lugar que se conhece como a palma da mão e fingir histórias, devanear sem justificativas e conduta, é fazer questão de ser cinicamente um idiota perante a Deus, de perder princípios e achar que estar sobre a carniça, guardada para mais tarde ser servida a um ser que secantemente, cumpre apenas o seu papel no ciclo da vida, quando na verdade a podridão é tão sua que você não consegue se enxergar... Pois é, olhar no espelho já não faz mais parte de mim, ver a vida sendo revestida o tempo inteiro verbalizando o que a alma acredita, é simplesmente doloroso, o encanto se perde a plenitude vai ganhando espaço sob medida, mas eu apenas acho que ter o gostinho da vitória pela gentileza é sublime demais para qualquer um.

Jamily Ordônio

terça-feira, 13 de outubro de 2009


Tento inutilmente fugir das coisas que me rodeiam,assim como tento achar o paraíso de onde ouço palavrórios inalteráveis,a chuva me acompanha nas loucuras distintas de percepção. A beleza das gotas que me molham não permitem entender o porquê destas caírem tão bruscamente, meu barco aprendi a dirigir sozinha sem qualquer colaboração do mar, enclausurado a uma revolta que era constante, numa agonia infundada de me achar nas profundezas do meu avesso remoto, me perdi em meio a tantas águas, em meio a tantas dores e numa demanda de superficialidade espiritual. Isso tudo é engendrado no corpo cogitado e totalmente resolvido a se esquecer sutilmente dentro de uma territorialidade, onde ninguém se nota, onde ninguém se mostra. Assim rumo aquele de onde corriam boatos repentino, eu, tentando renascer no mínimo natural da vida, e meus olhos enxergam a esperança de um encontro que antes morava na minha conjectura abalada e formatada a todo tempo, mas que agora estava tão perto quanto o ar que eu respirava,um encontro que vem do íntimo, entranhado a uma vontade de sentir a brisa, de sentir as plantas, de ver o mundo de outro jeito e começar do zero, como um ser que acaba de nascer.
Jamily Ordônio